Entenda de uma vez por todas o enigmático comportamento felino

Entender melhor o comportamento felino vai ajudar você a lidar bem melhor com os gatos em casa. A espécie doméstica, conhecida como Felis catus, é bastante intrigante. Além de contar com pequenas variações na personalidade, conforme a raça, trata-se de um animal bastante companheiro, embora não abra mão da sua independência.

Os gatos foram domesticados há milhares de anos. Os primeiros registros encontrados desses pets são de cerca de 10.000 anos atrás, na região do Egito, da Palestina e da Síria. Ao longo dos anos, o comportamento felino foi se adaptando cada vez mais para viver em cooperação com os humanos, sem deixar de lado os instintos selvagens.

Neste artigo, saiba mais sobre o comportamento felino e confira excelentes dicas para evitar o estresse do seu gato, identificar sinais de doenças e fortalecer o vínculo com o pet no dia a dia!

Como é a natureza do gato doméstico?

O gato doméstico é sempre comparado com os cachorros, que também são animais domesticados há milênios. É natural dizer que o comportamento felino é mais individualista, frio e calculista, mas será que é isso mesmo?

Os gatos domésticos, de fato, compartilham traços de sua ancestralidade selvagem. No entanto, é importante ressaltar que a domesticação felina não foi feita pelos humanos. Os animais escolheram, por conta própria, aproximar-se das civilizações humanas, oferecendo uma relação de troca e dependência mútua. 

Nessa relação mutualista com os humanos, os gatos conseguiam lidar com os roedores que atrapalhavam a agricultura dos homens, enquanto as pessoas ofereciam abrigo e alimentação garantida aos felinos. Além disso, ficou popularmente conhecido que os gatos domésticos absorvem energia negativa, o que os tornou uma figura de proteção para dentro de casa.

Embora goste de ter o espaço pessoal, o gato doméstico é bastante companheiro. Ao mesmo tempo, é muito territorialista e não gostam que mexam nas suas coisas. Não é à toa que gostam de esfregar o rosto em objetos, pessoas e lugares que eles gostam, para marcar território com o cheiro. Para defender o próprio espaço, o gato pode rosnar, arranhar e morder.

Os felinos domesticados também gostam de dormir. Geralmente, ficam acordados enquanto amanhece e durante o anoitecer. No restante do dia, preferem economizar energia e tirar longas sonecas.

A natureza do gato doméstico também é bastante independente, por mais que goste de conviver com humanos. Diferentemente dos cães, os felinos não são treinados por submissão. Quando obedecem, é por interesse próprio. Afinal, gostam de ter o controle sobre as próprias escolhas. Por isso, é totalmente normal que reajam mal quando são forçados a fazer algo que não querem, como ir ao colo ou entrar em uma caixa de transporte.

Ainda assim, os gatos são animais afetuosos. Quando os tutores estão em casa, costumam segui-los e permanecer por perto, sempre observando o que estão fazendo. Para demonstrar afeto, costumam ronronar e são altamente protetores com bebês e crianças humanas.

Por que é fundamental que os tutores fiquem de olho no comportamento do gato?

De início, conhecer o comportamento natural do gato é uma estratégia muito interessante para entender como o seu pet funciona. Afinal, cada animal apresenta suas particularidades, e ficar de olho ajuda a compreender a personalidade natural do felino.

Ao conhecê-lo bem, torna-se mais fácil identificar quais comportamentos estão fora do habitual. Quando um animal está doente, estressado ou com algum problema, costuma demonstrar na forma de agir, uma vez que não consegue falar o que incomoda. Sendo assim, ficar de olho nas ações do gato vai ajudar a saber se está tudo bem ou se há algum desconforto.

Vale destacar também que conhecer os instintos naturais dos felinos vai ajudar a ter uma melhor convivência. Assim, é possível entender que algumas atitudes dos gatos não são feitas por maldade, mas sim porque é o jeitinho da espécie. Por isso, não se assuste se um gato levar uma caça para você. Trata-se de um sinal de carinho e respeito do animal, visto como um presente para quem ele ama.

O que faz parte do comportamento natural felino?

Que tal entender, de uma vez por todas, o que é de se esperar do comportamento de um felino? A seguir, confira algumas características que são naturalmente expressas nas mais variadas raças de gatos e o que podem significar!

Ato de ronronar

Todo gato ronrona, principalmente quando está confortável com o ambiente ou a presença de uma pessoa. Esse som vem de uma leve vibração produzida pela laringe, emitindo um ruído grave e sutil.

É totalmente natural ver um gato ronronar quando recebe carinho ou quando se deita no colo. Trata-se de um sinal de felicidade, relaxamento e conforto. Sendo assim, é um bom indício para continuar com o carinho.

Outra curiosidade sobre o ato de ronronar dos felinos é que, ao emitir o som, o sistema nervoso libera endorfinas, que promovem a sensação de bem-estar. Quando estão estressados ou sentindo dor, podem usar essa estratégia para se sentirem melhor, acalmar-se ou se curarem de uma forma mais rápida.

Dar piscadas devagar

Quem observa o comportamento natural dos gatos já deve ter notado que, às vezes, eles piscam bem devagarinho. Vendo de fora, parece que estão se preparando para dormir, pois fecham os olhos lentamente.

No entanto, nem sempre as piscadas vagarosas representam sono. Geralmente, dizem respeito à confiança. É como se fosse um sorriso dado por um humano. Portanto, é um comportamento afetuoso.

Quando um gato piscar lentamente para você, experimente piscar de volta. Isso pode ajudar a estabelecer uma relação de confiança entre o animal de estimação e o tutor, criando uma comunicação pacífica, uma vez que mostra a ele que pode relaxar quando você estiver por perto.

Dormir muito por dia

Não estranhe se o seu gato chegar a dormir 16 horas por dia. É totalmente natural que os gatos durmam bastante, principalmente durante a manhã e o período da tarde. Isso porque o comportamento habitual do felino é crepuscular. Isto é, eles estão mais ativos nos momentos do amanhecer e do anoitecer.

Para entender melhor esse comportamento, é preciso se lembrar que a grande maioria das espécies de felino é caçadora de grande porte. Leões, tigres, panteras e vários outros gêneros são temidos por diversos animais, por serem predadores naturais. A questão é que caçar gasta muita energia. Sendo assim, sempre que têm a oportunidade de descansar, eles aproveitam para poupar o consumo energético.

No entanto, embora os gatos tenham herdado essa característica dos seus ancestrais de dormir muito, você pode notar que é um sono leve. Barulhos, vibrações e luzes intensas podem facilmente despertar o felino. Por essa razão, se esses incômodos forem constantes, ao longo do tempo, o pet pode ficar estressado, uma vez que não pode ter um descanso de qualidade.

Amassar com as patas

O famoso ato de fazer pãozinho também é um comportamento felino natural. Frequentemente, os gatos costumam fazer um movimento de amassar com as patas, de maneira rítmica, alternando entre exercer pressão em uma superfície e esticar as patinhas.

É ainda mais comum ver filhotes tendo esse comportamento, pois é uma atitude infantil. Esse movimento de puxa e solta lembra a amamentação e deixa um gato mais confortável, uma vez que o lembra de momentos afetuosos.

Não se engane ao achar que o gato está sendo apenas fofo. O ato de fazer pãozinho com as patas também pode ser usado para marcar território, uma vez que há glândulas que liberam feromônios para demarcar qual é o seu espaço pessoal e não deixar outros animais chegarem nesse lugar.

Quando o gato quer deixar o seu espaço mais confortável para se acomodar, ele também costuma amaciar a superfície. Por isso, é comum ver que o animal se deita para dormir logo acima de onde fez pãozinho.

Mostrar a barriga

Já fez carinho em um gato e, automaticamente, ele rolou e expôs a barriga? Saiba que esse é um excelente sinal, uma vez que demonstra que o animal realmente gostou de você e confia que não o fará nenhum mal.

A barriga é uma das regiões mais vulneráveis de uma pessoa ou de um gato. Sendo assim, deixar essa parte exposta significa que ele te vê como alguém confiável, que não o fará mal. Por isso, o pet se sente seguro para confiar.

Mostrar a barriga também é um convite para continuar interagindo. No entanto, nem sempre significa que o gato quer carinho na barriga. Por essa razão, não precisa se inibir se ele morder ou der uma patada, caso você toque nessa região. Basta continuar fazendo carinho e brincando com o animal.

Arranhar objetos

Um dos grandes terrores dos tutores de gatos é que eles arranham tudo pela casa. Por terem unhas afiadas, é totalmente normal que os felinos encontrem superfícies apropriadas para arranhar, como móveis de madeira, tapetes, sofás e árvores.

Geralmente, eles arranham objetos para afiar as unhas. Esse é um ato de automanutenção, semelhante a se lamber para tomar banho, pois ajuda a remover as camadas já gastas das garras. Além disso, como as patas contam com glândulas que liberam feromônios ao serem ativadas, esse ato também pode simbolizar a marcação de território.

No entanto, em alguns casos, o gato arranha um objeto apenas para se alongar. Esses animais são bastante flexíveis. Portanto, podem apoiar as patas, com as garras, para ter mais fixação, apenas para esticar o corpo. Sendo assim, não ache que o seu pet danificou o seu sofá ou o seu tapete por maldade.

Esconder-se

Tem horas que é muito difícil encontrar o gato dentro da sua própria casa. Isso acontece porque os felinos também são muito bons em se esconder e, em alguns momentos, o pet faz isso para brincar.

É totalmente comum no comportamento felino que os gatos se escondam debaixo da cama, dentro de caixas ou nos armários. Lugares escuros e apertados podem transmitir segurança, pois funcionam como uma toca.

É por isso também que, se o seu pet está se escondendo com frequência, é preciso ficar alerta. Afinal, pode ser um sinal de medo, estresse ou até mesmo doença. Quando os gatos estão doentes, eles instintivamente tendem a se isolar. O mesmo vale quando estão tensos por conta de barulhos altos, visitas inesperadas (e de pessoas que eles não conhecem ou não gostam) ou a presença de algum objeto estranho no local.

Dormir ou brincar com caixas e sacolas

Pelo mesmo motivo de gostarem de se esconder em lugares escuros, os gatos adoram brincar ou até mesmo dormir em caixas e sacolas. Entrar em espaços pequenos é divertido para os felinos, assim como também traz a sensação de proteção.

Por essa razão, é interessante deixar caixas e sacolas para que brinquem quando sentirem vontade. Com esses objetos, eles podem treinar o instinto de caça, escondendo-se para pegar uma presa imaginária como emboscada. Quando estiverem tensos ou ansiosos, também podem se proteger nesses espaços pequenos e quentinhos, para reduzir o campo de visão e regular as emoções.

Esfregar a cabeça

Se um gato esfregou a cabeça em você, saiba que ele te vê como uma pessoa da família. Esse ato de se esfregar em móveis, pessoas ou até mesmo outros animais é um sinal de afeto, pois também liberam feromônios para deixar o cheiro familiar por onde encostaram com as glândulas faciais.

Conhecido também como bunting, o ato de esfregar a cabeça é comum no comportamento felino, e quer dizer que o gato vê você uma figura confiável para considerar como família.

Correr muito rápido

Já notou que, repentinamente, os gatos correm muito rápido pela casa e, logo em seguida, param? Quando fazem isso, estão brincando de caça, treinando a habilidade de pegar uma presa de surpresa e persegui-la.

Quando os felinos estão com muita energia acumulada, costumam fazer essa brincadeira para se exercitarem. Se notar que o seu gato faz muito isso, é interessante comprar brinquedos, torres verticais e demais estímulos para ele se distrair em casa.

Ficar com os olhos semifechados

Os gatos, de fato, são muito sonolentos. No entanto, quando estão acordados e ficam com os olhos semifechados, não estão necessariamente demonstrando sinal de sono. Na verdade, estão querendo dizer que estão à vontade com o momento.

Em alguns casos, pode, sim, significar que os felinos estão prestes a cochilar. Contudo, se perceber que ele ficou por muito tempo nessa postura de olhos semicerrados, interprete como um sinal de que estão contentes e relaxados.

Como o comportamento felino muda ao longo da vida?

É importante saber também que um gato não age da mesma forma durante toda a vida. Cada fase do desenvolvimento conta com comportamentos típicos para a idade. Por essa razão, é preciso considerar também o tempo de vida do seu pet.

A seguir, conheça alguns comportamentos habituais em felinos quando são filhotes, adultos e idosos!

Filhotes

Um gato é filhote quando ele tem de 0 a 6 meses de idade. Essa é a fase mais agitada para todas as raças de felinos. Por isso, é comum que o pet goste de brincar o dia inteiro, morder com frequência e fingir que está caçando.

Nos primeiros meses de vida, é muito importante que o gato tenha contato com humanos e outros animais na casa. Essa socialização é importante para que, no futuro, não tenha medo de ter contato com outras pessoas.

Adultos

Do primeiro ano até os 7 anos de idade, o gato está na fase adulta. A partir daí, ele se torna mais calmo e você vai notar que o territorialismo está muito mais intenso. Entre os 6 meses de idade e o 1 ano de idade, o gato pode até marcar o território com urina, caso esteja estressado.

Nessa fase de vida, é fundamental separar um espaço adequado para o pet, como colocar uma cama para gato em um espaço que ele gosta de ficar, deixar acessórios espalhados pelo ambiente e investir em estímulos para se distrair no dia a dia. Com isso, é possível controlar o estresse e evitar o excesso de territorialismo.

Idosos

Depois dos 7 anos de idade, você vai notar o gato mais quieto e preguiçoso. É a fase de vida em que ele mais vai dormir e reduzir o nível de atividade física. Contudo, essa mudança tende a ser gradual. Caso note que houve uma variação brusca no comportamento, fique de olho, pois pode ser um indício de doença, como artrite ou até demência.

Como é a relação entre os felinos e seus tutores?

Para entender a relação entre os felinos e os tutores, é importante saber que um gato não vê um humano como um dono. Na verdade, o animal interpreta os humanos de sua convivência como parte do grupo social.

Por essa razão, é comum que esfregue a cabeça nos tutores, para mostrar que a presença é familiar. Além disso, costuma ronronar quando está por perto ou recebendo carinho das pessoas que confia, podendo até mostrar a barriga.

Com os tutores, os gatos são ainda mais afetuosos. Desse modo, podem segui-los pela casa, além de emitir miados para pedir atenção e tentar se comunicar. Quando a intimidade e a conexão é intensa, pode até mesmo trazer presentes, como as presas que eles conseguiram fazer em casa (insetos, por exemplo).

Quais são os sinais de estresse em gatos?

Um gato estressado pode apresentar mudanças comportamentais que merecem atenção dos tutores, como:

• xixi fora da caixa de areia;
• agressividade repentina;
• isolamento social por muito tempo;
• autolimpeza excessiva, como lambeduras, que pode causar a perda de pelos (alopecia).

Os sinais de estresse também podem indicar alguma doença, como infecção urinária, depressão, dores e várias outras. Por essa razão, ao perceber que o comportamento do seu gato está muito diferente, é um sinal para marcar uma consulta com um médico veterinário. 

Como melhorar a convivência com os gatos?

Depois de conhecer como é o comportamento enigmático dos felinos e se adaptar à personalidade do seu pet, nada melhor do que adotar alguns hábitos e práticas que vão melhorar a convivência com os gatos que você tem em casa.

Quer ver umas dicas de como colocar essa ideia em prática? A seguir, saiba o que fazer para ter uma convivência harmônica e estreitar os vínculos com os seus gatos!

Invista em enriquecimento ambiental

A primeira coisa a se fazer para ter uma boa convivência com o gato é proporcionar mais bem-estar para o animal em casa. Isso implica, principalmente, na prevenção do estresse no dia a dia.

Para isso, é fundamental investir em enriquecimento ambiental. Com acessórios e brinquedos interativos, os gatos não ficam entediados. Assim, podem se divertir, distrair e relaxar por conta própria.

Ao colocar arranhadores para os gatos e mostrar que esse é um espaço individual para eles, você vai perceber como a tendência de arranhar os seus móveis vai diminuir frequentemente. Em alguns casos, pendurar o acessório no sofá vai indicar para o pet o lugar correto para as ranhuras.

Colocar prateleiras ou torres para o animal brincar também é muito interessante. Dessa forma, o pet pode explorar o espaço verticalmente e até encontrar um lugar para se isolar, quando quiser ficar sozinho.

Brinquedos interativos, como bolinhas, varinhas e até mesmo potes de ração com desafios podem estimular o seu gato e deixá-lo mais inteligente, feliz e confiante. Muitos acessórios são terapêuticos para os felinos e ajudam a reduzir o estresse e o medo.

Dê atenção para os gatos

Por mais individualistas que sejam, os gatos gostam de atenção e de estar perto dos tutores. Portanto, tire alguns momentos do dia para passar um tempo de qualidade com o felino, brincando e fazendo carinho. Além disso, não o afaste se ele seguir você pela casa ou quiser ficar ao seu lado enquanto você está descansando.

Respeite o espaço pessoal dos gatos

Quando os gatos querem carinho, eles demonstram. No entanto, quando não desejam fazer algo, é fundamental respeitar. Evite pegar o pet no colo à força ou tocá-lo quando está incomodado. Além de aumentar o estresse, pode reduzir a confiança do felino com você.

Crie uma rotina

Os gatos são animais que gostam de rotina. Mudanças bruscas no dia a dia podem estressá-los, uma vez que são sensíveis às novidades. Portanto, programe-se para alimentá-los no mesmo horário e coloque fontes de água para manter a hidratação.

Tenha cuidado também ao trazer novos pets para a casa. Antes de expô-los direto aos gatos, faça uma introdução gradual do cheiro. Somente em seguida, deixe que os animais se vejam, sempre mantendo uma distância segura para não assustá-los. 

Não se esqueça também de separar as caixas de areia, potes de comida e brinquedos dos gatos. Cada animal gosta de ter o seu próprio espaço. Por isso, não é legal misturá-los.

Em geral, quanto mais você conhece o comportamento felino, mais fácil vai ser para se acostumar com o jeitinho enigmático dos gatos. Assim, você vai perceber quando estão demonstrando afeto, quando estão com medo e se há algum problema que merece mais atenção. Ao compreender os hábitos e os instintos naturais do seu pet, torna-se intuitivo oferecer um espaço seguro e de bem-estar para uma vida feliz.

Tem mais alguma característica do comportamento felino que você notou no dia a dia? Deixe um comentário no post!